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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

SEU CUCA HERVÊ e a Pascoelatal (receita da vovó)





Contava eu com 17 anos, quando participei de minha primeira pasquela. Não a tradicional, que comemora-se um domingo após o domingo de Páscoa: o Quasímodo, uma tradição que permanece até hoje nos lares portugueses e em outras partes do globo. Esta ‘pascoela’ a que me refiro, vim conhece-la logo após ter migrado da capital para a pacata Itaboraí.

 Havia uma ‘tradição’ entre a juventude da região , tipo haloween tupiniquim: na noite da sexta-feira santa, grupos se organizavam para roubar a galinha do vizinho, e degustá-la na manhã seguinte, após a malhação do Judas.

 Lembro que neste ano, de 73, éramos um grupo numeroso e coeso, quase familiar. Se a memória não me falhar vou lembrar nominalmente de cada um. Além de mim, Luscar, Taquinho, Paulo Bombeiro, Adilson Ramiro, Romeu, os irmãos  HERVÊ e Efraim, os irmãos Elen, Menço e Cozé, Carmem(gorda),  e os irmãos Aníbal e Alexandre( no tempo em que ainda eram ...). Tinha mais gente, mas não lembro de todos. (ajuda aí Tralha)

 Violão, alguns apetrechos de cozinha, e no caminho a compra de 2 garrafas de pitú. A bordo de um Fagundes caindo aos pedaços,  seguimos para Cabuçu. Ao som dos acordes e o batuque no teto do coletivo fomos cantando pelo caminho, até que o condutor parou o veículo exigindo nossa saída. Depois de muito diálogo concordou em seguir viagem. O motivo de sua irritação, o costumeiro: a velha marchinha ‘ rema, rema, rema remador ... se o cobrador for vigarista...’

Após o incidente, tudo correu normal. A degustação das 5 galinhas apuradas de véspera, as doses de pinga e muita cantoria. À noite, nos encontramos na praça, alguns preferiram ir à missa.

Ora ! Se existe Micareta e Carnatal (Carnaval fora de época), porque não uma Pascoelatal também !   Esse  negócio  de Chester e Perú, é coisa de gringo, Papai Noel vestido de vermelho (o da Coca-Cola)  é tudo copiado das tradições norte-americanas.

Não existe melhor prato de Natal do que a tradicional galinha recheada. E ponto !
Se Haloween é o cacête, Chester também.
Portanto , sugiro uma carnuda galinha de terreiro.

E relembrando o amigo de juventude , SEU CUCA HERVÊ .

O segundo passo será descobrir qual o “bom vizinho” que a possui.
A parte do sacrifício da penosa, irei pular, pois detesto  ver sangue. Te vira !
PREPARO:
Agora vem a parte mais importante:
- após depenada e lavado em água morna , faça um corte na   penosa como se fosse uma “cesariana vertical” e derrame generosamente sobre ela o caldo de um abacaxi - a deixará mais macia e perfumada. Reserve os cubinhos da fruta.



 TEMPÊROS :
Cominho moído, pimenta do reino, coentro em pó, curry , alho socado, alfavaca , um pitada de sal , além do próprio caldo do abacaxi.
Deixe a sua cocó marinando neste vinha d’alhos por 5 horas, na geladeira.
Após esse tempo, coe o vinha d’alhos  acrescente uvas passas e reserve.

RECHEIO:
Miúdos de galinha, cubos de maça e abacaxi, uvas passas azeitonas pretas ,  farinha de mandioca fina e um fio de azeite. Se quiser, acrescente cubinhos de queijo tofu defumado. Prepare a farofa.
Agora é só entrouxar a farofa e fazer a sutura.


Pegue a galinha e lambuze toda a sua superfície com mostarda (prefiro a preta)., e deixe  abafada por meia hora. Depois pincele mel. Regue com um fio de óleo .

Pronta para ir ao forno, a 180º graus, coberta com papel laminado ou papel manteiga .

Se você usar papel alumínio, coloque a parte brilhosa virada para baixo, em contato com a cocó, pois ele é mais reflexivo às ondas de calor, e o cozimento será mais rápido, além de não grudar.
Aí vem aquele ritual : destampe , olhe e regue sempre com o caldo.
Após 30 minutos retire o papel alumínio e deixe dourar por mais 20 minutos.

Boa Apetite,

SEU CUCA HERVÊ, o mestre da gastronomia
 

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