Contava eu com 17 anos, quando
participei de minha primeira pasquela. Não a tradicional, que comemora-se um
domingo após o domingo de Páscoa: o Quasímodo, uma tradição que permanece até
hoje nos lares portugueses e em outras partes do globo. Esta ‘pascoela’ a que
me refiro, vim conhece-la logo após ter migrado da capital para a pacata
Itaboraí.
Havia uma ‘tradição’ entre a juventude da
região , tipo haloween tupiniquim: na noite da sexta-feira santa, grupos se
organizavam para roubar a galinha do vizinho, e degustá-la na manhã seguinte,
após a malhação do Judas.
Lembro que neste ano, de 73, éramos um grupo
numeroso e coeso, quase familiar. Se a memória não me falhar vou lembrar
nominalmente de cada um. Além de mim, Luscar, Taquinho, Paulo Bombeiro, Adilson
Ramiro, Romeu, os irmãos HERVÊ e
Efraim, os irmãos Elen, Menço e Cozé, Carmem(gorda), e os
irmãos Aníbal e Alexandre( no tempo em que ainda eram ...). Tinha mais gente,
mas não lembro de todos. (ajuda aí Tralha)
Violão, alguns apetrechos de cozinha, e no
caminho a compra de 2 garrafas de pitú. A bordo de um Fagundes caindo aos
pedaços, seguimos para Cabuçu. Ao som
dos acordes e o batuque no teto do coletivo fomos cantando pelo caminho, até
que o condutor parou o veículo exigindo nossa saída. Depois de muito diálogo
concordou em seguir viagem. O motivo de sua irritação, o costumeiro: a velha
marchinha ‘ rema, rema, rema remador ... se o cobrador for vigarista...’
Após o incidente, tudo correu
normal. A degustação das 5 galinhas apuradas de véspera, as doses de pinga e
muita cantoria. À noite, nos encontramos na praça, alguns preferiram ir à
missa.
Ora ! Se existe Micareta e
Carnatal (Carnaval fora de época), porque não uma Pascoelatal também ! Esse
negócio de Chester e Perú, é coisa de gringo, Papai Noel
vestido de vermelho (o da Coca-Cola) é
tudo copiado das tradições norte-americanas.
Não existe melhor prato de Natal
do que a tradicional galinha recheada. E ponto !
Se Haloween é o cacête, Chester também.Portanto , sugiro uma carnuda galinha de terreiro.
E relembrando o amigo de
juventude , SEU CUCA HERVÊ .
O segundo passo será descobrir
qual o “bom vizinho” que a possui.
A parte do sacrifício da penosa,
irei pular, pois detesto ver sangue. Te
vira !PREPARO:
Agora vem a parte mais importante:
- após depenada e lavado em água morna , faça um corte na penosa como se fosse uma “cesariana vertical” e derrame generosamente sobre ela o caldo de um abacaxi - a deixará mais macia e perfumada. Reserve os cubinhos da fruta.
Deixe a sua cocó marinando neste vinha d’alhos por 5 horas, na geladeira.
Após esse tempo, coe o vinha d’alhos acrescente uvas passas e reserve.
RECHEIO:
Miúdos de galinha, cubos de maça
e abacaxi, uvas passas azeitonas pretas , farinha de mandioca fina e um fio de
azeite. Se quiser, acrescente cubinhos de queijo tofu defumado. Prepare a farofa.Agora é só entrouxar a farofa e fazer a sutura.
Pegue a galinha e lambuze toda a sua superfície com mostarda (prefiro a preta)., e deixe abafada por meia hora. Depois pincele mel. Regue com um fio de óleo .
Pronta para ir ao forno, a 180º
graus, coberta com papel laminado ou papel manteiga .
Se você usar papel alumínio,
coloque a parte brilhosa virada para baixo, em contato com a cocó, pois ele é
mais reflexivo às ondas de calor, e o cozimento será mais rápido, além de não
grudar.
Aí vem aquele ritual : destampe ,
olhe e regue sempre com o caldo.Após 30 minutos retire o papel alumínio e deixe dourar por mais 20 minutos.
Boa Apetite,
SEU CUCA HERVÊ, o mestre da gastronomia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela visita!