O desconhecido Relator e o Memorial descriptivo do Districto da Vila de Santo Antonio de Sá de Macacú

              
        ruínas da Capela de Nossa Sª da Glória do Sumidouro, às margens do rio Casseribú

            Embora os doutos afirmem ser " desconhecido" o relator do Memorial descriptivo do Districto da Vila de Santo Antônio de Sá de Macacu, trago como contribuição ao estudo sobre o assunto, as correspondências do então Vice-Rey Luis de Castro( Conde de Resende) determinando, por ordem de Dona Maria I, a constituição de uma Comissão imbuída de elaborar os mapas descritivos dos dez Distritos da Capitania do Rio de Janeiro.
          Cumpre ressaltar que os referidos originais, encontrados em 1988, no Museu Imperial de Petrópolis, encontravam-se já em avançado estágio de deterioração, não tendo sido possível  à ocasião, reproduzi-los por qualquer meio ( cópia eletrostática ou outro) senão  o da visualização para transcrição.
         Guardada por um bom lapso de anos, apresento aqui a transcrição integral das correspondências, mantidas ortografia e acentuação originais.
 (*  Ao final das 9 páginas de transcrição , seguem as 61 outras do referido Memorial.)

          Pelas nomeações podemos deduzir a feitura das descrições dos respectivos distritos , conforme a seguinte distribuição :

      Tapacurá -   Capitão-Mór  Sebastião José Guerreiro;      Cabo Frio – Tenente-Coronel  Vicente José de Souza;
      Marapicú –  Capitão-Mór  João Mariano de Deos;
      Paraty – Capitão-Mór Francisco Duarte Malha;
      Irajá - Cap.-Mór Domingos de Azeredo Coutinho;
      Campos dos Goytacazes –  Capitão-Mor  Antonio Pereira Gonçalves;
      Macacú –   Capitão-Mór  Francisco de Amorim Lima;
      Ilha Grande – Sargento-Mór  Pedro Jozé Vieira;
      São Gonçalo -  Brigadeiro  Pedro Alvares de Andrade;
      Inhomirim -  Ten.-Coronel   Vicente José de Souza

       Destes, o que mais nos interessa no momento, Francisco de Amorim Lima, um dos herdeiros do Capitão Domingos de Amorim.

      Residia na localidade de Portinho, Freguezia de São José da Boa Morte. (suas terras confrontavam com as de seu irmão Antonio de Amorim (Guapirimim) e com as do Comendador Santos Lobo (Itaborahy).

    Experiente agricultor e negociante de lenha, ninguém melhor do que ele para a elaboração do mapa descritivo.  Francisco de Amorim foi reformado como  Coronel em 1813, sabendo-se que viveu quase 100 anos. O último registro seu é de 1853, data provável de seu falecimento.

    Embora afirmem não ter deixado herdeiros, constam em registros o nome de Francisco de Assis Amorim como proprietário de terras em São José da Boa Morte até o ano de 1883.

                                                                                                                                                                       

E já que a intenção é democratizar as fontes para que um maior  número de pessoas possam acessá-las, porque não publicar o próprio Memorial Discriptivo ? Pois então, segue abaixo  as cópias extraídas da Biblioteca do IEB/USP  

(esta é uma cópia mandada fazer em abril  1797. O original encontra-se na Biblioteca do Conselho Ultramarino, em Portugal, porém não paginado e faltando 12 páginas). Justifica-se a divergência entre as datas das correpondencias  (março) e a data inserida no Memorial (abril)

            mapa de 1914 que nos dá uma noção aproximada de como era o Distrito de Macacu

ruínas do Convento de São Boaventura (1962)

a Mandioca Sapiens  ( M. Rugendas )

                      monjolo , utilizada no beneficiamento do arroz, milho e outros grãos

a cigarra

                                             o que restou das aves na região do Macacú : só abutres !!!

Detalhamento das Madeiras do Macacu

Mapa descritivo do Distrito de Macacu