Memórias de um viajante desconhecido
( transcrição fidedigna ) parte 1
visão panorâmica da Baia de Guanabara -1889
( transcrição fidedigna ) parte 1
visão panorâmica da Baia de Guanabara -1889
A hora e meia da tarde de 8 de
julho de 1854 , embarcamos na Prainha, em uma espécie de barco, a que chamão canôa
bordada, embarcação própria para
conduzir, por água no interior, volumes pesados, e facilitar assim o commercio
dos lugares afastados da capital do Império, e animar de algm modo a
agricultura, ao decahída ultimamente, pela falta de braços, que a vigore e fortifique.
A princípio, nada ocorreu digno
de notar-se, à exceção de encalhar a embarcação, que nos conduzia, ás seis
horas da tarde, ao chegarmos á entrada do rio Sampaio ou Macacú ; isto por falta
de maré, o que acontece muitas vezes, até com o vapor, que para ali viaja.
Resignando-nos á actualidade,
ouvindo o grosnar dos pássaros aquáticos, que procuram repouso, á noite nos
verdes e vstos mangues dos páos vizinhos, ali estivemos até uma hora da manhãa
seguinte, em que enchendo a maré, subimos á vara até Villa Nova, onde quizemos
descansar por alguns momentos ; bem que ahi os racionaes estivessem entregues
ao fabuloso Nume Morphêu, , do qual todos necessitão, mas
poucos venerão.
Seguimos para o Porto, denominado
– Sampaio -, estabelecimento, que, seja dito de passagem, consta que tem
rendido a seu proprietário bons contos
de réis, mas o serviço do Hôtel é muito mal feito, e muito caro.
com JoãodoApex
Tomámos ahi um carro, (nós e o
companheiro),fazendo seguir a família na embarcação que nos conduzia, e fomos
ao Porto das Caixas, lugar commerciante e opulento do município de Itaborahy,
onde, tomando cavallos nos dirigimos ao lugar denominado Tabella, beira rio,
onde ajustamos encontrar os que ião embarcados; passando pelo aterro do Tipotá,
e pela Villa de Macacu, de antiga fama, e onde existio out’rora um bello
convento, que hoje, não sabemos porque máo fado, existe em ruínas, sem que haja
uma mão poderosa que repare e conserve
essas obras de antiguidade, e que ainda attestem no porvir, o esplendor do culto, e das ordens
monásticas.
imagens 1918
Já que falamos em Tabella, alguma
cousa diremos a seu respeito, para
intelligencia dos benignos leitores.
O lugar de que se trata é uma
taberna, á margem esquerda do rio Macacu, na conflluencia do Guapy.
Consta que out’rora ahi houvera um registo ou tabella, onde
pagavão direitos de portagem as balças de madeira e outros objectos que descião
pelos sobreditos rios. Quaes as leis, que isso
determinavão, nem o tempo que vigorou a mencionada tabella, não nos
souberão informar.
1912
Embarcamos ahi, as três horas da
tarde, do dia 9, e seguimos pelo Guapy, , ainda impelido pelo barco á
vara, por esta enorme serpente ,
enrocada sore varias gramíneas, que occupão grandes terrenos improductivos, por
serem paludosas, e se transformarem em largos mares, no tempo das águas.
Quantos terrenos perdidos !!
Porém quantos territórios desaproveitados, por falta de braços !!
Extinguio-se a introducção de
Africanos ...
Mas, qual o meio, que se tem
procurado para os substituir ?! Muitos bons desejos há sobre a propriedade do
Brasil !!!! ...
Chegámos, as dez e meia da noite,
a Pirassununga. Pernoitamos em casa de um Sr. Domingues; e, em nossa chegada
um dos companheiros, o Sr. Silva
Ferreira, quasi septuagenário teve a Constancia e a paciência de seguir a pé
mais de quatro léguas, para trazer-nos uma prancha (*) e fazer vir ao porto da
Pedra, um carro que nos conduzisse ao nosso destino.
Antes das nove horas da manhã
seguinte, estava de volta o nosso homem forte com a precisa conducção.
Deste ponto continuamos a jornada
a Cavallo, com o companheiro de que já fallamos; ido os mais na referida
prancha, até o porto do seu destino.
Duas léguas affastadas de
Pirasununga encontra o viajor o Monte apellidado – Cantagallo , (se bem nos
lembramos) ......
(*) espécie de canôa, feita de taboas, que demanda pouca água; própria ar viajar nos rios.
{ parte 2 ......( no seu cimo há uma lagôa
bem profunda , com peixes e camarões só próprios do mar, bem que esteja ela
seis centos pés talvez á cima do nível do mar..... lenda da lagoa encantada mão de luva ...) }
por Alberto Santos
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