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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Rugendas e a Serra dos Órgãos (Viagem pitoresca ao Brasil)

        Rugendas -  Viagem Pitoresca ao Brasil


Esta litogravura , da Serra dos Órgãos feita por Rugendas , me é familiar. Parece-me que pelo ângulo e disposição dos paredões e picos, a imagem foi colhida a partir de um local bem conhecido por todos nós. O que vocês acham ?
 
    
                                                                      Serra dos Órgãos
         Neste 2015 completam-se 180 anos da tradução francesa da Godefroy Engelmann de  “ “Viagem Pitoresca  ao Brasil ” (Voyage Pittoresque dans le Brésil) do original alemão  de Johann Moritz Rugendas (Malerische Reise in Brasilien. Mulhouse)
Natural da cidade bávara de Augsburgo, em 29 de março 1802,  representava a 4ª geração de uma linhagem de artistas , do desenho e da gravura. Seu pai Johan Lorenz  Rugendas for diretor da Escola de Desenho de Augsburgo. E assim , Moritz deu continuidade `à tendência artistica de família.
Estudou na Academia de Monique sob a orientação de Albrecht Adam e Lorenz Quaglio.
 
 
Rugendas chegara ao Brasil em 1821, aos 19 anos, em missão científica patrocinada pelo czar  com o propósito de produção de um atlas geográfico. No entanto,  ao chegar no Rio, recusou  o convite feito pelo barão Langesdorf, cônsul geral da Alemanha no Brasil, para compor a alta comissão que iria excursionar pelo interior do Brasil. Além de Rugendas, participariam o botânico Riedel, o zoólogo Hasse, o astrônomo Rubzoff. Rugendas ao recusar a proposta, indica em seu lugar o ilustrador Amadeu Adriano Taunay.
Decidiu-se por trilhar sozinho em sua missão.
Reuniu ao longo de cinco anos  materiais para a sua publicação alemã. Sua obra saiu do prelo em 1835 com as edições no Rheno e em Paris. Então retorna à América do  Sul para coletar outras  imagens  sul-americanas.
 
                                         Rio Inhomirim
 
Para muito além de  Debret, Rugendas fora mais que desenhista/ilustrador : um cronista de mão cheia.
Percorreu vários rincões brasileiros, o Amazonas, Bahia, Pernambuco, Goiás, Minas, dedicando um pouco mais de tempo a São Sebastião do Rio de Janeiro, tanto pela exuberancia quanto pela sua importância: documentou a vida agitada do Rio na época da Independencia.
 
Pintava com palavras tanto quanto o fazia no desenho artístico. Através de sua crônica podemos conhecer melhor o Brasil oitocentista: a paisagem, a fauna, a vida urbana, os costumes, as etnias.
Dedicou capítulo especial sobre a escravatura no Brasil, ao retratar o cotidiano do escravo negro com belas imagens, além de expor através de sua análise os horrores da escravidão. Relatos fortes sobre as condições a que eram submetidos os africanos cativos nas longas viagens nos  negreiros, os castigos, sua cultura.
 
Vários litógrafos consagrados como Engelmann, Vigoron, Joly, Maurin e Adam Zwinger auxiliaram nesta riquíssima obra de Rugendas.
Deixou-nos como legado belas imagens e fortes impressões.
 
 
Quando se observa atentamente um desenho seu a bico-de-pena, por exemplo, entrevemos algumas de suas escolhas na conformação de sua narrativa plástica, para tornar legível a cena apresentada.Sabia "perfeitamente que a correção representativa não podia ser medida pela fidelidade à realidade, mas sim pela capacidade de transpô-la para a realidade da própria arte, o que envolvia um sem-número de convenções."
 
                            festa e Nossa Senhora do Rosário, padroeira dos escravos
 Diz a obra Brasiliana da Biblioteca Nacional, página 81: 
" Como os demais viajantes do século XIX, Rugendas era compromissado por princípio com a documentação de um mundo que permaneceu desconhecido devido às práticas defensivas e protecionistas da coroa lusa. Esse esforço documental incluía, porém, o registro da situação particular de percepção.» (…) «A tarefa de Rugendas não se restringia, portanto, à documentação de uma situação objetiva, envolvendo o esclarecimento do valor do dado sensório."
 
 
 Para o comentarista, o dilema do artista era: «como esclarecer um mundo que não se converte em impressões ordenáveis? De um lado, uma natureza incompreensível em exuberância e escala, além de uma urbanidade inabordável em sua complexa associação de padrões civilizados e ausência de civismo. De um outro, um artista estrangeiro, estranho, incapaz de demonstrar qualquer intimidade com o Novo Mundo. A solução se apresenta na adoção de procedimentos objetivistas da classificação científica."
 
E ainda: " No lugar daquele conhecimento íntimo da natureza (…), Rugendas documenta a impossibilidade da realidade brasileira se converter a impressão. "
 
 
 
 
 
Rugendas morreu a 29 de maio de 1858 em Weilleim .
 

Um comentário:

  1. dica de Marcelo Barroso e pesquisa de JoaodoApexrio ....http://www.jornalmileniovip.com.br/historia/arquivo.php?cod=13

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