Esta litogravura , da Serra dos
Órgãos feita por Rugendas , me é familiar. Parece-me que pelo ângulo e
disposição dos paredões e picos, a imagem foi colhida a partir de um local bem
conhecido por todos nós. O que vocês acham ?
Serra dos Órgãos
Neste 2015 completam-se 180 anos
da tradução francesa da Godefroy Engelmann de “ “Viagem Pitoresca ao Brasil ” (Voyage Pittoresque dans le Brésil)
do original alemão de Johann Moritz
Rugendas (Malerische Reise in Brasilien. Mulhouse)
Natural da cidade bávara de
Augsburgo, em 29 de março 1802, representava a 4ª geração de uma linhagem de
artistas , do desenho e da gravura. Seu pai Johan Lorenz Rugendas for diretor da Escola de Desenho de
Augsburgo. E assim , Moritz deu continuidade `à tendência artistica de
família.
Estudou na Academia de Monique
sob a orientação de Albrecht Adam e Lorenz Quaglio.
Rugendas chegara ao Brasil em
1821, aos 19 anos, em missão científica patrocinada pelo czar com o propósito de produção de um atlas
geográfico. No entanto, ao chegar no
Rio, recusou o convite feito pelo barão Langesdorf,
cônsul geral da Alemanha no Brasil, para compor a alta comissão que iria excursionar
pelo interior do Brasil. Além de Rugendas, participariam o botânico Riedel, o zoólogo
Hasse, o astrônomo Rubzoff. Rugendas ao recusar a proposta, indica em seu lugar
o ilustrador Amadeu Adriano Taunay.
Decidiu-se por trilhar sozinho em
sua missão.
Reuniu ao longo de cinco anos materiais para a sua publicação alemã. Sua
obra saiu do prelo em 1835 com as edições no Rheno e em Paris. Então retorna à
América do Sul para coletar outras imagens
sul-americanas.
Rio Inhomirim
Para muito além de Debret, Rugendas fora mais que
desenhista/ilustrador : um cronista de mão cheia.
Percorreu vários rincões
brasileiros, o Amazonas, Bahia, Pernambuco, Goiás, Minas, dedicando um pouco mais
de tempo a São Sebastião do Rio de Janeiro, tanto pela exuberancia quanto pela sua
importância: documentou a vida agitada do Rio na época da Independencia.
Pintava com palavras tanto quanto
o fazia no desenho artístico. Através de sua crônica podemos conhecer melhor o
Brasil oitocentista: a paisagem, a fauna, a vida urbana, os costumes, as etnias.
Dedicou capítulo especial sobre a
escravatura no Brasil, ao retratar o cotidiano do escravo negro com belas
imagens, além de expor através de sua análise os horrores da escravidão.
Relatos fortes sobre as condições a que eram submetidos os africanos cativos nas
longas viagens nos negreiros, os
castigos, sua cultura.
Vários litógrafos consagrados
como Engelmann, Vigoron, Joly, Maurin e Adam Zwinger auxiliaram nesta
riquíssima obra de Rugendas.
Deixou-nos como legado belas
imagens e fortes impressões.
Quando se observa atentamente um
desenho seu a bico-de-pena, por exemplo, entrevemos algumas de suas escolhas na
conformação de sua narrativa plástica, para tornar legível a cena apresentada.Sabia "perfeitamente que a correção representativa não podia ser medida pela
fidelidade à realidade, mas sim pela capacidade de transpô-la para a realidade
da própria arte, o que envolvia um sem-número de convenções."
" Como os demais viajantes do século XIX, Rugendas
era compromissado por princípio com a documentação de um mundo que permaneceu
desconhecido devido às práticas defensivas e protecionistas da coroa lusa. Esse
esforço documental incluía, porém, o registro da situação particular de
percepção.» (…) «A tarefa de Rugendas não se restringia, portanto, à
documentação de uma situação objetiva, envolvendo o esclarecimento do valor do
dado sensório."
Para o comentarista, o dilema do artista era: «como esclarecer um mundo que não se converte em impressões ordenáveis? De um lado, uma natureza incompreensível em exuberância e escala, além de uma urbanidade inabordável em sua complexa associação de padrões civilizados e ausência de civismo. De um outro, um artista estrangeiro, estranho, incapaz de demonstrar qualquer intimidade com o Novo Mundo. A solução se apresenta na adoção de procedimentos objetivistas da classificação científica."
E ainda: " No lugar daquele conhecimento íntimo da natureza (…), Rugendas documenta a impossibilidade da realidade brasileira se converter a impressão. "
Rugendas morreu a 29
de maio de 1858 em Weilleim .
dica de Marcelo Barroso e pesquisa de JoaodoApexrio ....http://www.jornalmileniovip.com.br/historia/arquivo.php?cod=13
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