ANTONIO SALVIANO DE FIGUEIREDO (1893-1941)
Desde tempos imemoriais, o homem busca
aproveitar a formidável energia produzida pelas ondas do mar. Para estes
estudos muito contribuiu Dumont d’Urville, quando realizou em 1824 sua célebre
expedição ao redor do mundo, onde fez estudos e medições das vagas e ondulações
das marés.
E a partir dessas observações científicas,
foram sendo desenvolvidos instrumentos que buscavam o aproveitamento e
conversão em energia, da poderosa força das marés.
Atribui-se ao Frances Georges
Claude (discípulo de d’Arsonval), a invenção dos flutuadores para captação da
energia das ondas e marés. Segundo as fontes, Claude desembarcou no Porto do
Rio, em 1934, a bordo do cargueiro La Tunisie, sendo recebido por Vargas. Claude
já havia desenvolvido sua técnica no
porto cubano de Matanzas. Após quatro meses de trabalho no Rio, seu projeto
deu em água. Ambas as experiencias fracassaram. Sua técnica porém perdurou no tempo, conhecida
pelas siglas ETM (energia térmica das marés) ou OTEC ( ocean thermic energy
conversion).
(foto - George Claude)
No entanto, o pioneiro na utilização
de flutuadores para captação de energia das ondas, foi sim um brasileiro. Seu
invento, o hydro-motor, data de 1913.
Chamava-se ANTONIO SALVIANO DE
FIGUEREDO, natural de Areias/PB, no ano de 1893. Logo após sua baixa no 9º
Regimento do Exército, Salviano dedicou-se a desenvolver seu invento,
trazendo-o para o Rio de Janeiro.
O hydro-motor se compunha de duas partes:
“consistia em uma armação de ferro à
beira-mar, entre braços de guindaste, dos quais pendia por um cabo de aço , um
flutuador octogonal, e três cremalheiras ligadas ao cabo, fazendo acionar um
eixo articulado por meio de rodas dentadas ligadas a outro eixo suportando um
volante ”. Em sua demonstração do experimento, Salviano demonstrou que apesar
do movimento desordenado das ondas, o movimento do volante era uniforme, constante,
e também ilimitado, pois constante e ilimitado era o movimento das ondas .
na imagem Salviano, junto aos Almirantes Gago Coutinho e José Carlos de Carvalho (presidente da Mar-Energo), fazendo uma demonstração nas proximidades da Fortalezaa de S. João
O processo, embora engenhoso era
bem simples: primeiro a produção do movimento alternativo, de subida e descida,
depois a transformação deste movimento em movimento de oscilação em
circular(rotatório) no mesmo sentido.
Todas as demonstrações de seu
invento, se deram no costão da Fortaleza de
São João. E em todas elas , por absoluta carência de recursos financeiros, foram
utilizados apenas 3 flutuadores, quando era de dez o mínimo exigido, pela sua
capacidade de força. Em todas as ocasiões recebeu parecer técnico favorável do
Clube de Engenharia, com recomendações de aperfeiçoamento.
( parecer técnico do presidente do Clube de Engenharia Dr. Floresta de Miranda )
Para Salviano, esta era a maneira mais econômica de produzir energia, visto que dispensava a utilização de combustível, dependendo apenas de lubrificação das engrenagens e sua conservação. Salviano submeteu seu invento em
1915 ao Club de Engenharia. Em 1922, submeteu novamente seu experimento, o mesmo se
dando em 1924 1926.
Chegou a registrar o
hydro-motor sob a carta-patente nº 23.318
. Rebatizou seu invento como “onda-motor”.
Apenas a título de "curiosidade", consta ainda, que no ano de 1925,
foi instituído por uma conceituada revista, a Fon-Fon, um Concurso Nacional “dos
maiores brasileiros vivos”. Na categoria “inventores”, Salviano(hydro-motor)
foi escolhido pelos leitores como o 3º maior inventor, ficando atrás apenas de Santos
Dumont (avião) e Higgins (canhão).
Através de decreto, o presidente
Washington Luis concede a Salviano, pelo sucesso de seu invento, um premio de
100:000$(cem contos de réis), valor muito aquém das necessidades para o
aperfeiçoamento de seu projeto.
" Decreto nº 18.558, de 10 de Janeiro de 1929
Abre pelo Ministerio da Guerra o credito especial de
100:000$, para pagamento de premio ao inventor do hydro-motor Antonio Salviano
de Figueiredo
O Presidente da
Republica dos Estados do Brasil, usando da autorização constante do decreto
legislativo n. 5.599, de 13 de dezembro de 1928, e tendo ouvido o Tribunal de
Contas na fórma das disposições em vigor, resolve abrir, pelo Ministerio da
Guerra, o credito especial de 100:000$ (cem contos de réis) para pagamento do
premio conferido pelo mesmo decreto ao inventor do hydro-motor Antonio Salviano
de Figueiredo.
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1929, 108º da Independencia
e 41º da Republica.
WASHINGTON LUIS P. DE SOUSA
Nestor Sezefredo dos Passos
F. C. de Oliveira Botelho "
Salviano continuou sua luta por
mais alguns anos. Contava apenas com a colaboração de alguns operários. Em 1939,depois da fracassada experiência do frances Georges
Claude,chegou a pleitear junto ao governo Vargas a quantia de 1.000 contos,
sem obter êxito.
Faleceu em 19 de abril de 1941, sem ver realizado seu sonho.
Faleceu em 19 de abril de 1941, sem ver realizado seu sonho.
Em julho de 1945, Adolfo,seu irmão e herdeiro do espólio, ainda tentou negociar o
invento, também sem sucesso.
Cento e um anos depois, ao
olharmos a experiência exitosa, na Usina do Pecém, vemos o grande potencial ainda
a ser explorado, e o quanto de tempo perdemos de evolução por apenas uns míseros
1.000 contos de réis !
Antonio Salviano de Figueiredo, sinônimo
de energia limpa.
Pecém, o sonho de Salviano que se tornou realidade( o Brasil no caminho da energia limpa )
A primeira usina de ondas da
América Latina funciona no porto do Pecém, que fica a 60 quilômetros de
Fortaleza e será lançada oficialmente durante a Rio+20.
O potencial é grande, asseguram.
O litoral brasileiro, de cerca de 8 mil quilômetros de extensão, é capaz de
receber usinas de ondas que produziriam 87 gigawatts. Mas antes de pensar em
mais usinas no litoral brasileiro, é preciso testar conceitos e comprovar tanto
a viabilidade quanto a confiabilidade do projeto.
Dois enormes braços mecânicos
foram instalados no píer do porto do Pecém. Na ponta de cada um deles, em
contato com a água do mar, há uma bóia circular. Conforme as ondas batem, a
estrutura sobe e desce.
O movimento contínuo dos
flutuadores aciona bombas hidráulicas, que fazem com que a água doce contida em
um circuito fechado, no qual não há troca de líquido com o ambiente, circule em
um ambiente de alta pressão.
O mar tem sido encarado pelos
pesquisadores da Coppe como uma fronteira estratégica na qual o Brasil pode ser
o líder tecnológico. Somente no projeto da usina de ondas, foram investidos R$
15 milhões em quatro anos.
O Ceará não foi escolhido
aleatoriamente. Sua grande vantagem estratégica é a constância dos ventos
alísios, que por sua vez, gera ondas constantes. Elas não são grandes, mas
estão sempre batendo. Poder contar com o movimento praticamente o tempo todo
aumenta a eficiência da nova usina.
Ainda há um longo caminho a ser
percorrido para que as usinas de onda passem a fazer parte da paisagem
brasileira. Os especialistas evitam compará-las às hidrelétricas, que, em
geral, têm custo de produção quatro vezes menor.
Em alguns locais, há grande
vantagem estratégica para a usina de ondas. Por exemplo, há estudos para o
arquipélago de Fernando de Noronha, onde a energia vem da queima de diesel.
Isso leva a riscos ambientais, inclusive em relação ao transporte do
combustível — ressalta o especialista da Coppe.
A energia gerada em Pecém será
consumida no próprio porto. Mas já há planos de ampliação da quantidade de
braços mecânicos com bóias, que captam a energia do mar convertida em
eletricidade. Toda a estrutura é feita em módulos, que podem ser acrescentados
para aumentar a potência. Basta acrescentar flutuadores.
acesse o link abaixo
Planet Ocean - o filme
narração Marcos Palmeira
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