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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Salviano e a energia limpa: o sonho que virou realidade

     ANTONIO SALVIANO DE FIGUEIREDO (1893-1941)

 
 

Desde tempos imemoriais, o homem busca aproveitar a formidável energia produzida pelas ondas do mar. Para estes estudos muito contribuiu Dumont d’Urville, quando realizou em 1824 sua célebre expedição ao redor do mundo, onde fez estudos e medições das vagas e ondulações das marés.
E a partir dessas observações científicas, foram sendo desenvolvidos instrumentos que buscavam o aproveitamento e conversão em energia, da poderosa força das marés.
Atribui-se ao Frances Georges Claude (discípulo de d’Arsonval), a invenção dos flutuadores para captação da energia das ondas e marés. Segundo as fontes, Claude desembarcou no Porto do Rio, em 1934, a bordo do cargueiro La Tunisie, sendo recebido por Vargas. Claude já havia desenvolvido sua técnica  no porto cubano de Matanzas. Após quatro meses de trabalho no Rio, seu projeto deu em água. Ambas as experiencias fracassaram.  Sua técnica porém perdurou no tempo, conhecida pelas siglas ETM (energia térmica das marés) ou OTEC ( ocean thermic energy conversion).
                                                 (foto - George Claude)
 
No entanto, o pioneiro na utilização de flutuadores para captação de energia das ondas, foi sim um brasileiro. Seu invento, o hydro-motor, data de 1913.
Chamava-se ANTONIO SALVIANO DE FIGUEREDO, natural de Areias/PB, no ano de 1893. Logo após sua baixa no 9º Regimento do Exército, Salviano dedicou-se a desenvolver seu invento, trazendo-o para o Rio de Janeiro.
O hydro-motor se compunha de duas partes:  “consistia em uma armação de ferro à beira-mar, entre braços de guindaste, dos quais pendia por um cabo de aço , um flutuador octogonal, e três cremalheiras ligadas ao cabo, fazendo acionar um eixo articulado por meio de rodas dentadas ligadas a outro eixo suportando um volante ”. Em sua demonstração do experimento, Salviano demonstrou que apesar do movimento desordenado das ondas, o movimento do volante era uniforme, constante, e também ilimitado, pois constante e ilimitado era o movimento das ondas .
                                                        

 
     na imagem Salviano, junto aos Almirantes Gago Coutinho e  José Carlos de Carvalho             (presidente da Mar-Energo), fazendo uma demonstração nas proximidades da Fortalezaa de S. João
O processo, embora engenhoso era bem simples: primeiro a produção do movimento alternativo, de subida e descida, depois a transformação deste movimento em movimento de oscilação em circular(rotatório) no mesmo sentido.
Todas as demonstrações de seu invento, se deram no costão  da Fortaleza de São João. E em todas elas , por absoluta carência de recursos financeiros, foram utilizados apenas 3 flutuadores, quando era de dez o mínimo exigido, pela sua capacidade de força. Em todas as ocasiões recebeu parecer técnico favorável do Clube de Engenharia, com recomendações de aperfeiçoamento.
                 ( parecer técnico do presidente do Clube de Engenharia Dr. Floresta de Miranda )
 
 
Para Salviano, esta era a maneira mais econômica de produzir energia, visto que dispensava a utilização de combustível, dependendo apenas de lubrificação das engrenagens e sua conservação. Salviano submeteu seu invento em 1915 ao Club de Engenharia. Em 1922,  submeteu novamente seu experimento, o mesmo se dando em 1924  1926.
Chegou a registrar o hydro-motor sob a carta-patente  nº 23.318 . Rebatizou seu invento como “onda-motor”.
Apenas a título de "curiosidade", consta ainda, que no ano de 1925, foi instituído por uma conceituada revista, a Fon-Fon, um Concurso Nacional “dos maiores brasileiros vivos”. Na categoria “inventores”, Salviano(hydro-motor) foi escolhido pelos leitores como o 3º maior inventor, ficando atrás apenas de Santos Dumont (avião) e Higgins (canhão).

 
Através de decreto, o presidente Washington Luis concede a Salviano, pelo sucesso de seu invento, um premio de 100:000$(cem contos de réis), valor muito aquém das necessidades para o aperfeiçoamento de seu projeto.
"   Decreto nº 18.558, de 10 de Janeiro de 1929
Abre pelo Ministerio da Guerra o credito especial de 100:000$, para pagamento de premio ao inventor do hydro-motor Antonio Salviano de Figueiredo
O Presidente da Republica dos Estados do Brasil, usando da autorização constante do decreto legislativo n. 5.599, de 13 de dezembro de 1928, e tendo ouvido o Tribunal de Contas na fórma das disposições em vigor, resolve abrir, pelo Ministerio da Guerra, o credito especial de 100:000$ (cem contos de réis) para pagamento do premio conferido pelo mesmo decreto ao inventor do hydro-motor Antonio Salviano de Figueiredo.
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1929, 108º da Independencia e 41º da Republica.
WASHINGTON LUIS P. DE SOUSA
Nestor Sezefredo dos Passos
F. C. de Oliveira Botelho    "
Salviano continuou sua luta por mais alguns anos. Contava apenas com a colaboração de alguns operários. Em 1939,depois da fracassada experiência do frances Georges Claude,chegou a pleitear junto ao governo Vargas a quantia de 1.000 contos, sem obter êxito.

Faleceu em 19 de abril de 1941,  sem ver realizado seu sonho.
Em julho de 1945,  Adolfo,seu irmão  e herdeiro do espólio, ainda tentou negociar o invento, também sem sucesso.
Cento e um anos depois, ao olharmos a experiência exitosa, na Usina do Pecém, vemos o grande potencial ainda a ser explorado, e o quanto de tempo perdemos de evolução por apenas uns míseros 1.000 contos de réis !
      Antonio Salviano de Figueiredo, sinônimo de energia limpa.
 
 
 
 Pecém, o sonho de Salviano que se tornou realidade(             o Brasil no caminho da energia limpa             )
 
 
 
A primeira usina de ondas da América Latina funciona no porto do Pecém, que fica a 60 quilômetros de Fortaleza e será lançada oficialmente durante a Rio+20.

O potencial é grande, asseguram. O litoral brasileiro, de cerca de 8 mil quilômetros de extensão, é capaz de receber usinas de ondas que produziriam 87 gigawatts. Mas antes de pensar em mais usinas no litoral brasileiro, é preciso testar conceitos e comprovar tanto a viabilidade quanto a confiabilidade do projeto.

Dois enormes braços mecânicos foram instalados no píer do porto do Pecém. Na ponta de cada um deles, em contato com a água do mar, há uma bóia circular. Conforme as ondas batem, a estrutura sobe e desce.

O movimento contínuo dos flutuadores aciona bombas hidráulicas, que fazem com que a água doce contida em um circuito fechado, no qual não há troca de líquido com o ambiente, circule em um ambiente de alta pressão.

O mar tem sido encarado pelos pesquisadores da Coppe como uma fronteira estratégica na qual o Brasil pode ser o líder tecnológico. Somente no projeto da usina de ondas, foram investidos R$ 15 milhões em quatro anos.
O Ceará não foi escolhido aleatoriamente. Sua grande vantagem estratégica é a constância dos ventos alísios, que por sua vez, gera ondas constantes. Elas não são grandes, mas estão sempre batendo. Poder contar com o movimento praticamente o tempo todo aumenta a eficiência da nova usina.
 
 
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que as usinas de onda passem a fazer parte da paisagem brasileira. Os especialistas evitam compará-las às hidrelétricas, que, em geral, têm custo de produção quatro vezes menor.
Em alguns locais, há grande vantagem estratégica para a usina de ondas. Por exemplo, há estudos para o arquipélago de Fernando de Noronha, onde a energia vem da queima de diesel. Isso leva a riscos ambientais, inclusive em relação ao transporte do combustível — ressalta o especialista da Coppe.
A energia gerada em Pecém será consumida no próprio porto. Mas já há planos de ampliação da quantidade de braços mecânicos com bóias, que captam a energia do mar convertida em eletricidade. Toda a estrutura é feita em módulos, que podem ser acrescentados para aumentar a potência. Basta acrescentar flutuadores.

 
 
 
acesse o link abaixo
 
 
 
 
Planet Ocean - o filme
narração Marcos Palmeira
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

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