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domingo, 19 de julho de 2015

Alfredão de Papucaia, um Homem om H


   Ah! Mamãe aqui estou estou, mamãe aqui estou estou,
             .... sou Homem om H, e como sou !


         Eis aí na foto, um timaço do “grupo dos onze” de Cachoeiras de Macacu:  Alfredão, Zé Laurindo e Bira (Ubirajara Muniz).  Esta foto foi tirada em 15 de agosto de 1994 por ocasião do aniversário de 80 anos de Alfredão. Já em 1984, recebera das mãos da vereadora Selma Coutinho o título de ‘Cidadão Cachoeirense', por justo merecimento.
 
 


                                               Alfredo Alves Barbosa, de camiseta azul

        Fez parte de um seleto grupo de brasileiros, macacuanos que defenderam a Consituiçãao contra o golpe de 64, como Amaro de Andrade(Amaro Barbudo), Delcio Pereira, Anésio Freitas,José Custódio, João Correia de Paula, Izaías Biazzati, José Laurindo, Joel Viana, Alacidio Salvador, Antonio Pinduca e da Professora Alda Maria Maciel, que em sua própria casa, na Ribeira, dava aula para o lavradores.

        Foi pai de 8 filhos, avô e bisavô e amigo do povo. Foi casado com Dona Josefa Paulina por apenas 71 anos. Faleceu em 2005 os 91 anos, sem ver o seu pedido de indenização atendido.

        O curioso, se não trágico, é que neste mesmo ano de 2005, uma centena de apaniguados, dentre estes os presidentes de partidos, como Renato Rabelo, contando com menos de 65 anos receberam suas reparações indenizatórias da Comissão da Anistia, no caso conhecido como os “ fura-fila do Renan ”...

       Alfredo Alves Barbosa, natural de João Pessoa, chegou à Papucaia em 1954. Exímio pedreiro, juntamente com José Laurindo, ajudou a construir com  colher e  cimento a história do lugarejo. E não só fez casas. Foi certamente um dos mais valentes defensores da luta por reforma agrária, o que lhe custou algumas prisões.

        O que lhe faltava em altura, cerca de 1,53, sobrava-lhe em valentia. Preso várias vezes, cobriam-lhe no cacête, a que respondia à altura  Voltava moído para casa. Depois das compressas de dona Josefina, estava prontinho para ir à luta novamente.
 

       Segundo seu prontuário no Dops, foi um dos responsáveis pela ocupação da fazenda São José da Boa Morte, liderando ainda cerca de 50 caamponeses no episódio conhecido como o ‘saque do armazém do Horito’, em 30 de março de 1964, isto é, um dia antes de irromper o golpe militar.

 

        Preso cinco dias após o golpe, em 04 de abril de 1964, foi mantido incomunicável por dois meses no Dops de Niterói e na Fortaleza de santa Cruz. Solto em condicional, continuou sua militância.

         Um traço característico seu era o de ter e defender suas posições , assumindo-se publicamente, diferentemente dos demais que preferiam clandestinizar suas opções ideológicas.

         Não lhe faltavam citações fortes como esta que encontramos em seu prontuário no Dops: “... certo estava sendo em Cuba, onde todos trabalham na lavoura, inclusive os estudantes. O que está sendo feito aqui no Brasil é uma merda ! "

          Segundo os arquivos da política política, Alfredão teve   a audácia de em praça pública – a os Colonos, soltar fogos para comemorar a morte do marechal-ditador Castelo Branco.

         Sete dias após ( 26/07/1967) seria indiciado no IPM de Cachoeiras, juntamente com outros quarenta  oito. Passou três anos homiziado, retornando à região em meados de 1970.

          Este era o Alfredão que conhecemos. Seu perfil de homem bom, querido por todos e ligado às tradições populares, lembra muito um outro conhecido nosso: Marighella.

 

          Em seus últimos anos de vida dedicava-se a incentivar o futebol, praticado no Colonial E. C., além de promover o carnaval de rua na localidade.

Marighella vive !
Alfredão também.
Alfredo Alves Barbosa, presente !





                                                                              (Alberto Santos)
 
 

Um comentário:

  1. Esse era o meu avô, um homem guerreiro e de muita coragem..
    Saudades eternas..

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