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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Amélia Saraiva - grandes vultos de Itaboraí


                Grandes vultos de Itaboraí



    Em uma cidade onde falta de tudo, até vergonha na cara,  a casa legislativa se  resume a nomear ruas.
Entra legislatura, sai legislatura e nada muda.
Aliás, muda sim : sempre para pior !

A histórica Praça Marechal Floriano, hoje totalmente desfigurada.
Itaboraí é a cidade-caos !

    Circulando pela cidade e vendo as pacas de logradouros encontramos verdadeiras aberrações.
Ruas e avenidas importantes levam o nome de cidadãos inexpressivos.

    Bem na região central da cidade de Itaboraí há uma artéria importante a qual no início dos anos 80 "nomearam-se" como         Avenida Amélia Saraiva dos Santos.

Mas quem foi este vulto pátrio a merecer tal honraria ?

Quem foi Amélia Saraiva ?  Grande jornalista ou literata, causídica ou médica dedicada ?

- Ou será  apenas a mãe, tia ou avó de algum vereador ?
   Certamente que sim. 


Por prestar um desserviço à Pátria, trazendo ao mundo mais um parasita de linhagem rastaquoère, ainda foi agraciada virando nome de logradouro.

    Enquanto isto, grandes vultos(nativos ou não), sequer são lembrados, quiçá reverenciados. Lançados ao mais absoluto esquecimento por pura ingratidão de uma classe política abjeta e um povo que ainda não aprendeu a cultuar seus pares.

   Vou citar aqui apenas três exemplos. Dois personagens de fora que em muito contribuiram para  o engrandecimento da cidade, e um terceiro , este patrício : a médica Alzira Nogueira Reis, o professor e ator Adamastor Camará Ribeiro e  a  saudosa jornalista Jisele de Andrade... (minha flor de Lys)

    Hoje falarei apenas de Alzira. Falarei sobre os outros dois , nas próximas postagens.


                        Alzira Nogueira Reis



                                                       1920- Faculdade de Medicina da UFMG
                                                  ( nome de solteira  - Alzira Vieira Ferreira Netto )
                                                       

Nascida em 8 de Novembro de 1886, em Minas Novas, em uma casa na descida da Barra (MG). Falecida em 23 de Agosto de 1970, em Niterói. Está sepultada no Cemitério do Maruí, no jazigo 966, da Família Vieira Ferreira.

   O pioneirismo foi a sua marca. Em 1905, Alzira e duas amigas, com base na Constituição, alistaram-se eleitoras, sendo a primeira mulher a votar no Brasil. Alzira sempre sonhou em ser médica, mas era impedida pelas leis brasileiras.
 

  Enviou diversos pedidos de autorização ao Ministério da Educação e por volta de 1911 recebeu o tão esperado documento para estudar Farmácia. Em 1920, Alzira formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas, tornando-se a primeira médica do Estado.

    Em 1931, alinhou-se com a Federação para o Progresso Feminino, lutando pelo voto feminino e no ano seguinte lançou-se candidata à Assembléia Constituinte. Foi nomeada por Amaral Peixoto para clinicar no posto de saúde de Niterói e começou sua luta em defesa dos portadores do Mal de Hansen. Seis anos depois fundou o Educandário Vista Alegre, presidindo-o até meados dos anos 50 e foi presidente da Associação Fluminense de Assistência aos Lázaros por mais de duas décadas.
 
 
   Como escritora e jornalista escreveu para vários periódicos:
Jornal “O Mucuri”, de Teófilo Otoni.

Jornal “O Nordeste Mineiro”, de Teófilo Otoni.
Jornal “Tribuna Feminina”, de Teófilo Otoni.
Jornal “Diário da Noite”, Ouro Preto.
Jornal “O Fluminense”, de Niterói.

Revista Feminina, de São Paulo

 
Alzira organizou dezenas de eventos para arrecadar fundos para à causa dos hansenianos.


 
    Foi a Idealizadora, Fundadora, e Administradora do Educandário Vista Alegre, no preventório do Iguá, em Itaboraí, para filhos dos Portadores de Hanseníase. Durante muitas décadas se dedicou integralmente ao Educandário, administrando-o como se fosse a sua casa.



                       Alzira e seu filho (1ª presidente da SFAL),  Alice Toledo Tibyriça (ao centro)

   Em 1939, Dra. Alzira fundou e presidiu a Sociedade Fluminense de Assistência aos Lázaros e o Preventório Vista Alegre, destinado aos filhos sadios de lázaros. Entre 1933 e 1941, a vida da distinta Médica foi toda dedicada à função humanitária, exercida gratuitamente em benefício dos atingidos pelo Mal de Hansen. Conseguiu, porém, grandes vitórias e a maior delas é ter deixado 100 crianças abrigadas em prédio próprio e a garantia da continuidade de seu notável trabalho.
 
 
                                                       Alzira ao centro e  a 1ª diretoria eleita da SFAL

    O “Educandário Vista Alegre”, prestou inestimáveis benefícios, prestigiado, como o fora na época de sua fundação pelas autoridades federais e estaduais. Em 1941, a Dra. Alzira recolheu-se ao lar, justificando-se:

“Para os meus quatro filhos cuja educação pedia minha assistência”.
 
 
                    Ponte sobre o Rio Iguá, Venda das Pedras  - km 34 da Niterói/Friburgo (1918)

 
                                   Primeiras eleitoras do Brasil

 

   Em 1905, Alzira e duas amigas, Cândida Maria Souza e Clotilde de Oliveira, com base na Constituição, alistaram-se eleitoras.

    É importante revelar a importância do Juiz de Minas Novas, Dr. Francisco Coelho Duarte Badaró, casado com Dona Luiza Pinheiro Nogueira, tia de Alzira, que entendia ser esse um direito das mulheres e concedeu o alistamento.

    As três professoras votaram em separado, provocando grande revolta em Minas.

 
                         O Primeiro Voto Feminino do Brasil

    A História Oficial registra o 1º voto feminino em 1926, em Mossoró, mas a verdade inconteste é que esse direito cabe a três jovens mineiras que votaram em 1905!

É importante destacar que Berta Lutz, reverenciada como a grande defensora do Voto Feminino, escreve o primeiro artigo sobre o tema em 1918... 13 anos depois das três mineiras votarem !

                                A Cassação dos Votos Femininos

   Os votos das três moças foram cassados seis anos depois, segundo consta nos Anais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

   Em trecho que Alzira publicou no opúsculo “Pelo Voto Feminino”, sob o pseudônimo de Selva Americana, temos a fala do Deputado Francisco Coelho Duarte Badaró Jr. reivindicando a glória do Voto Feminino para Minas Novas e não para o Rio Grande do Norte, como consta na História do Brasil.

                                     O Exercício do Voto no Brasil

Antigua Vila feliz. Minas Novas está ubicada al norte del estado, a 543 km de Belo Horizonte y 216 km de Diamantina. Entre otros tantos atractivos, es el lugar privilegiado para conocer y comprar el artesanato de cerámica del Valle del Jequitinhonha. (...) Minas Novas posee una historia rica y singular. Con una actividad periodística importante, tuvo su primer periódico, o Jornal de Minas Novas, en 1898. También ocurrió aquí el primer voto femenino en Brasil cuando el Señor Francisco Coelho Duarte Badaró ayudó a votar una ley que permitía el ejercicio del voto en Brasil. (...)

 
 
 
 
   Houve uma época no Brasil em que era facultativo aos juízes de Direito exercer as funções de deputado ou senador, com substituição mantida por outro bacharel, um juiz municipal.

   Quando no exercício dessa função na comarca de Minas Novas, Francisco Coelho Duarte Badaró ajudou a votar uma lei que permitia o exercício do voto no Brasil, em vigor a partir de 1º de janeiro de 1905. Instaladas as eleições, o juiz convocou as professoras Alzira Nogueira Reis, Cândida Maria Santos e Clotilde de Oliveira e as qualificou como eleitoras, comunicando, em seguida, tal atitude ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral, instituindo assim os primeiros votos femininos do Brasil.
 
 
para Alzira Reis
 
 
 
                                                                                                                                                                      
 
por Alberto Santos
 
 
 
 
                                                                                                120 anos de glórias
 
 
 
 
 
 

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