A BELA
Naqueles idos de adolescente, minha imagem da atividade
Em raríssimas vezes acertava o passo e conquistava alguma
Mas eu não imaginava que aqueles dias de secura, de
FEIA
Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Só que a bola
A moça abriu o portão e ao devolver a bola me perguntou,
Ela era a personificação da feiúra. Mas quando não tem tu,
De noitinha tomei banho , vesti a boca-de-sino, gumex nos
Vou identificá-la aqui como a zarolha prima de um
Não era de todo ,totalmente ruim. Seus cabelos longos
Vinha de uma família, onde todos por via de regra eram míopes em altíssimo grau. Além do déficit visual era fotofóbica. Por sua aversão à claridade, evitava a exposição ao sol e sua pele
Para ser justo e imparcial, de ruim mesmo ela só tinha os
Sobre a face emergiam numerosas espinhas, que
O imenso nariz , motivo de minha discórdia amorosa, mais
Minha primeira noite de namoro foi um misto de alívio e
Logo que cheguei ao portão, nem tempo tive para dar o tradicional boa noite.
Fui arremessado e esmagado contra o muro. Desde o
Aquela avalanche de esgulepadas durou uns 20 minutos. A
Houve uma primeira pausa, de poucos minutos, momento
Não sei com o quê ela tinha parte: se era com vampiro ou
A primeira noite de sessão trash foi até às 2 da madrugada.
Entrei em casa de fininho, me enfiei debaixo do chuveiro ,
Nos dias que se seguiram minha mãe ficou desconfiada pelo
A aventura durou 14 dias, em completa clandestinidade.
Estava no auge de minha forma atlética, com a libido à flor
No décimo quinto dia desapareci. Passei um mês longe do
Não fosse um fato bem desagradável que repetia-se, talvez
Não sei se por razões estéticas ou para não atrapalhar o
Era demais para um pobre mortal como eu .
No fundo, esta noção de feiúra e beleza é muito relativa.
A história, afora as metáforas, é real, aconteceu. H. não é
Para a ‘bela’ que virou maracujá, atribuo um 2 para o que
1974. Vinha de um desgosto sentimental.
Passara um ano inteirinho cortejando a
garota dos meus sonhos. Era conhecida
como Sandrinha. A meu ver, uma das
mais belas morenas da cidade da antiga Itaboraí
.
Ela era top de linha.
Quando percebeu meu
.
Ela era top de linha.
Quando percebeu meu
interesse, fez de mim gato e sapato.
Religiosamente, às 12 horas ,
abandonava minhas atividades estudantis ou esportivas, para lhe fazer companhia, no trajeto do colégio até a porta de sua casa.
abandonava minhas atividades estudantis ou esportivas, para lhe fazer companhia, no trajeto do colégio até a porta de sua casa.
Percebi tardiamente algo de sádico nesta relação:
aceitava meu cortêjo diário, permitia a aproximação, para
logo em seguida puxar o tapete e com desfaçatez me
esnobar.
Vinte anos depois, a encontrei casualmente. Pude identificá-
la apenas pelo par de olhos , inconfundíveis, e o seu
caminhar despretensioso de bailarina.
Quis o destino que sua arrogância lhe fosse retribuída por sulcos e rugas. Daquele belo rostinho original sobraram-lhe apenas o olhar de pantera.
Diferia de um maracujá de gaveta apenas quanto à
Diferia de um maracujá de gaveta apenas quanto à
coloração. Não encarei aquela transmutação com ares de
vingança, apenas me senti aliviado por ter sido rejeitado.
O TÍMIDO
Naqueles idos de adolescente, minha imagem da atividade
estudantil, era a da extroversão, da oratória, da agitação, e
contrastava com o perfil privado : intimista, reservado,
extremamente tímido, em particular na abordagem ao sexo
oposto.Era bom de flerte e ruim de chegada. Meu estilo
sempre foi aquele que escolhe seletivamente seu alvo,
espreita, observa à distancia , mapeia horários e trajetos,
para gerar “coincidências”, “casualidades”, o suficientes
para dizer um simples Oi ! Este cortejo durava meses até
reunir coragem o bastante para uma abordagem mais
efetiva. Nem sempre funcionava como o desejado. Por
vezes, a demora fazia de mim o último da fila. Para agravar
mais ainda minha sina de ermitão, toda garota que conhecia
em poucos dias tornava-se uma grande amiga. Era
mecânico: conhecer e em seguida criar laços de irmandade.
Todas as minhas amigas de adolescência, sem excessão, as
tinha como meio-irmãs. O grau de intimidade e confiança
era tão grande, que por vezes, trocavam de roupa na minha
presença, pois sabiam que de mim nunca partiria um olhar
malicioso ou de curiosidade. Minhas amigas eram como
anjos: não tinham sexo!
A única menina por quem me interessei, foi Eliane, irmã de meu amigo Ailton (baiano) e do Wlado(Waldymir Pereira),no tempo em que ainda moravam no sítio da Brahma.
Certo domingo de 74, fomos, eu e ela, para o Clube Recreativo Venda das Pedras, na badalada diiscoteca.
Eliane era bem novinha. Toda lindinha. A baianinha era toda cheirosa a flor de tangerina.*(a encontrei ano passado,2016. Aos cinquenta e poucos, ainda é filé ! ).
No baile, chamei-a para dançar. Lembro como se fosse hoje. Corpinho colado, dançando lentinho... tocava o Elton . Eliane era a menina nas nuvens com seus olhos de caledoscópio.
Minha timidez me impediu de avançar o sinal e pedi-la em namoro. Semanas depois Eliane já estaria namorando meu amigo Paulo Bombeiro (Paulo Maurício Gomes).
A única menina por quem me interessei, foi Eliane, irmã de meu amigo Ailton (baiano) e do Wlado(Waldymir Pereira),no tempo em que ainda moravam no sítio da Brahma.
Certo domingo de 74, fomos, eu e ela, para o Clube Recreativo Venda das Pedras, na badalada diiscoteca.
Eliane era bem novinha. Toda lindinha. A baianinha era toda cheirosa a flor de tangerina.*(a encontrei ano passado,2016. Aos cinquenta e poucos, ainda é filé ! ).
No baile, chamei-a para dançar. Lembro como se fosse hoje. Corpinho colado, dançando lentinho... tocava o Elton . Eliane era a menina nas nuvens com seus olhos de caledoscópio.
Minha timidez me impediu de avançar o sinal e pedi-la em namoro. Semanas depois Eliane já estaria namorando meu amigo Paulo Bombeiro (Paulo Maurício Gomes).
Em raríssimas vezes acertava o passo e conquistava alguma
desconhecida. Mas era tudo sempre muito limitado pela
timidez extrema. Levava dias para acionar a ’mão boba’. E
sempre fui avesso à atitudes bruscas, rompantes melo-
dramáticos, beijos elouqüentes, nada do gênero. Tudo meu
sempre foi(e ainda o é) no sapatinho: o tocar nos lábios com
sutileza, o toque de dedos com suavidade, com vagareza
aproveitando cada segundo como se fossem horas.
Mas eu não imaginava que aqueles dias de secura, de
escassez cíclica iriam mudar radicalmente. Depois daquele
desengano com a morena, e para afugentar a tristeza tratei
de ocupar meu tempo ocioso e não mais pensar ... nela. À
noite, o jeep do Mobral me pegava na estrada e me conduzia
até uma fazendinha no Pachecos onde alfabetizava alguns
lavradores. Este meio-emprego de poucos meses durou até
o dia em que uma supervisora apareceu no local, de
supetão, para dar um Fla-Flu. A velha espumou de raiva
quando constatou que o método que eu utilizava era o Ceplar, do MEB e não o do Mobral. Prometeu me denunciar, mas acabou relevando. Sem trabalho, me restou os rachas no campinho de futebol, para aplacar a tristeza.
Foi quando eu a conheci : a ...
FEIA
Bola pro mato que o jogo é de campeonato. Só que a bola
caiu é no terreno de um vizinho!
A moça abriu o portão e ao devolver a bola me perguntou,
com a maior cara de pau: O que vc faz à noite? Respondi,
nada! E ela retrucou: Poi se vc quiser, já tens o quê fazer
Passa aqui lá pelas 8.
Ela era a personificação da feiúra. Mas quando não tem tu,
vai tu mesmo.
De noitinha tomei banho , vesti a boca-de-sino, gumex nos
cachos do cabelo e parti para uma aventura inédita, sem
imaginar onde estava amarrando meu bode.
Vou identificá-la aqui como a zarolha prima de um
certo professor daqui, meio zarolha tbm.
Não era de todo ,totalmente ruim. Seus cabelos longos
aloirados eram bem cuidados. A dentição sem nenhuma
cárie : de sua arcada brotavam molares e caninos
protuberantes e bem afiados. Do corpo, meio tábua, se
estendiam pernas bem longilíneas que para meus 1,85
atendiam perfeitamente às necessidades do quesito ‘rala-
coxa’. Suas partes eram calientes e sua mão direita era pra
lá de generosa.
Vinha de uma família, onde todos por via de regra eram míopes em altíssimo grau. Além do déficit visual era fotofóbica. Por sua aversão à claridade, evitava a exposição ao sol e sua pele
era quase transparente. E assim explicavam-se seus hábitos
noturnos, para além das 8 da noite.
Para ser justo e imparcial, de ruim mesmo ela só tinha os
dois ‘erres’: o Rosto e o Resto.
Sobre a face emergiam numerosas espinhas, que
denotavam o volume de hormônios que tinha para oferecer
Aquela grande batalha seria travada entre ela, eu e o muro,
no breu da noite pontilhada pelos vagalumes.
O imenso nariz , motivo de minha discórdia amorosa, mais
parecia um obelisco.
Minha primeira noite de namoro foi um misto de alívio e
terror.
Logo que cheguei ao portão, nem tempo tive para dar o tradicional boa noite.
Fui arremessado e esmagado contra o muro. Desde o
primeiro instante ela assumiu o papel do forte na relação. O
negócio da mocinha era ‘esgulepar’ ! Tascou de imediato
um “beijo”, se for possível defini-lo como tal. Eu não sei se
aquilo era uma boca ou uma bomba de sucção, pois senti o
esôfago saindo pela garganta afora.
Aquela avalanche de esgulepadas durou uns 20 minutos. A
esta altura já estava ofegante, respirando apenas com
auxílio de aparelhos. E ela gostava ‘muitio’ de beijar de
língua, que por sinal era proporcional ao tamanho do nariz.
Por vezes, sua língua de boi roçava o palato,no céu de
minha boca , causando a maior aflição. Cada esgulepada da
moça era uma golfada de 50 ml de saliva. Caracoles! E eu
Houve uma primeira pausa, de poucos minutos, momento
em que demonstrou destreza, habilidade manual. Foi
bom! ... mas no recomeço , aí foi o meu martírio. Cravou os
seus caninos no meu pescoço e tome-lhe mordidas.
Não sei com o quê ela tinha parte: se era com vampiro ou
com Lupi Garou . Guardo na memória com muita clareza : as
primeiras foram sim, noites de lua-cheia. Minha saga de
“crepúsculo” .
A primeira noite de sessão trash foi até às 2 da madrugada.
E cadê que ela me deixava ir embora. Dizia: bem...fica, é só
mais um “beijinho” !
Entrei em casa de fininho, me enfiei debaixo do chuveiro ,
com roupa e tudo, pois o estrago fora total. Gastei meio tubo
de dentifrício. Escovei até minh’alma! Depois tratei de
colocar uma compressa de vinagre no pescoço para
disfarçar o arrouxeado das mordeduras.
Nos dias que se seguiram minha mãe ficou desconfiada pelo
fato de que eu andava pela casa enrolado num cachecol e
as calças amanheciam penduradas no varal.
A aventura durou 14 dias, em completa clandestinidade.
Meus amigos não podiam saber pois seria a maior zoação.
Estava no auge de minha forma atlética, com a libido à flor
da pele. Por mais que aquele ataque insaciável me causasse
um embrulho no estomago, H servia para algum de meus
propósitos: ela era uma boa alma ! Me era conveniente a
manutenção da coisa. Havia uma compensação: enquanto
encima eu sofria o estupro de minha boca, embaixo ‘a sarsa
ardia’. Como no samba da Inconfidencia...”valeu o sacrifício
dos Andradas ...” para cada 6 horas de suplício, 3 ou 4
‘breves’ momentos de felicidade. Nos 14 dias de epopeia,
não praticamos sexo, era só amasso mesmo: eu amassado
contra o muro ! Foi quando se deu a discórdia amorosa: tudo
por causa do obelisco,- o nariz.
No décimo quinto dia desapareci. Passei um mês longe do
campinho. Os amigos chamavam pro racha e eu recusava
alegando estiramento muscular ou dor na panturrilha. Só
saía de casa em dia claro e me recolhia antes do
entardecer, isto para evitar um encontro fortuito com ela. Soube mais tarde, que chegou a ir em minha casa em busca de meuparadeiro. Apresentou-se a meu pai, como sendo ‘minha’ namorada. Sofri zoação dentro de casa por um longo
período, até cair no esquecimento.
Não fosse um fato bem desagradável que repetia-se, talvez
o namoro tivesse durado alguns meses.
Não sei se por razões estéticas ou para não atrapalhar o
embrólio, H. fazia questão de tirar seu óculos. E na ânsia de
dar sua linguada, a cegueta vez por outra errava o alvo :
lambia minha bochecha enfiando por engano o nariz na
minha bôca.
qualquer semelhança entre minha boca e a taça, é mera coincidência
Era demais para um pobre mortal como eu .
No fundo, esta noção de feiúra e beleza é muito relativa.
Olhando para o passado, e colocando na balança as duas
historietas,me atrevo salvar Helena do purgatório.De zero a
dez, vou lhe dar um 8 (o 8 símbolo do dragão), talvez seja o carimbo para seu passaporte ao Reino dos céus, no dia do Juízo Final.
A história, afora as metáforas, é real, aconteceu. H. não é
personagem de ficção. Existiu e fez parte de minha vida por
14 dias. Apesar de seu nariz colossal, lhe tenho com
apreço.
Para a ‘bela’ que virou maracujá, atribuo um 2 para o que
sobrou: o par de olhos. Creio ser insuficiente para salvá-la
da fogueira!
Alberto Santos
Muito bom, Beto. Quem não teve uma zarolha na vida , que atire o gumex.
ResponderExcluirmeus dias de Salve Jorge
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